Se você é consumidora de conteúdos de moda, é possível que já tenha ouvido falar no método das três palavras de estilo. Criado pela Alisson Bornstein, stylist e autora do livro "Wear It Well”, o método sugere que cada pessoa escolha três palavras (geralmente adjetivos, mas não tem regra) que falem sobre o seu estilo, ou seja, englobem as suas prioridades, desejo de imagem e personalidade.
Particularmente, eu considero esse método precioso, porque é um jeito de dar nome pro nosso estilo e fugir dos nomes genéricos ou dos famigerados sete estilos universais. E eu acredito firmemente que dar nome para as coisas é o caminho mais assertivo pra trazer as nossas escolhas e desejos para o consciente e, consequentemente, aprender sobre o nosso estilo, que é algo complexo e profundo.
Tão complexo que simplesmente não basta ter todas as roupas do universo disponíveis no armário, é preciso saber o que fazer com elas. Construir um estilo sólido e um relacionamento fluído com a moda dá trabalho, não acontece “de repente” e nem sem dedicação. Por isso eu acho que essa estratégia das três palavras é uma aliada, já que pode ser um ótimo jeito de começar a realmente pensar em estilo. É um jeito objetivo e divertido de se tirar dessa cena clássica:
Há alguns anos eu uso variações desse método em alguns dos meus atendimentos e já rolaram muitas descobertas incríveis entre eu e as minhas clientes, então hoje eu trouxe esse assunto pra cá pra te ajudar a entender essa teoria e, quem sabe, pensar nas suas três palavras pra começar a se aprofundar no seu próprio estilo.
A Alisson sugere que as três palavras se dividam assim: uma prática, uma aspiracional e uma emocional. Eu acho que esse é um caminho maravilhoso, mas talvez seja um pouco complexo pra quem tá só começando a pensar em estilo, então eu gosto de sugerir que elas funcionem assim: uma para a definição dos seus sims (o que você já ama ou já faz com segurança), uma que funcione como um lembrete dos seus nãos (qual caminho você já testou mas não quer seguir, o que já não funciona mais ou algo que nunca fez sentido pra você) e a terceira, pra fechar, uma que represente os seus desejos pra evoluir com o seu estilo, aquelas ideias que fazem o seu coração bater mais forte e que você precisa de um empurrão pra colocar em prática e arriscar um pouco mais.
As nossas palavras de estilo podem mudar com o tempo, inclusive eu sugiro para as clientes que revejam e repensem as suas de tempos em tempos. A vida muda e a gente muda junto, então é natural que o estilo também mude, evolua. O que não significa que as palavras precisem mudar, tá?! Se daqui a um ano você ainda se identificar com as palavras que escolheu, arrasa e segue com elas!
Para começar a falar mais sobre o método na prática, trouxe alguns exemplos de palavras (e caso você já queira começar a pensar nas suas, pode pescar daqui ou inventar qualquer outra):
feminino, lúdico, composto, minimalista, dinâmico, elaborado, confortável, urbano, natural, coerente, equilibrado, básico, pesado, leve, harmônico, divertido, sóbrio, sensual, romântico, esportivo, escultural, boêmio, artístico, prático, polido, casual, vintage, colorido, neutro, cosmopolita, futurista, aconchegante, sofisticado, gráfico
Se você tá começando nesse universo do estilo pessoal, sugiro que comece com palavras menos subjetivas, mais fáceis de interpretar. Com o tempo você pode escolher novas palavras mais complexas e ir adicionando dificuldade ao ganhar repertório sobre o seu estilo.
Tá, mas pra que servem essas palavras na prática?
Basicamente, elas são um apoio pra gente fazer escolhas coerentes. Seja pra montar um look ou pra comprar uma roupa nova, ter as nossas palavras em mente pode ser um norte pra ajudar a gente nessa construção. Quanto mais a gente treina nosso olhar para as roupas com o apoio das nossas palavras, mais fácil fica de visualizá-las na prática.
Agora, pra te trazer um primeiro exemplo, as minhas três palavras atualmente são: coerente, maduro e prático. Nenhuma é tão complexa mas todas requerem a minha própria interpretação, e é isso que eu mais amo nesse método: o fato de que cada palavra pode ser interpretada de muitas maneiras diferentes a depender do repertório e da experiência de cada pessoa. Eu escolhi coerente porque minhas composições precisam estar alinhadas com o que eu acredito, com quem eu sou e as coisas que eu amo, sem forçar tendência ou testar ideias sem embasamento. Já maduro é o lembrete pra que eu não caia mais na tentação de comprar peças que sejam muito adolescentes ou datadas (coisa que já fiz e não quero mais, já não faz mais sentido pra mim). Pra fechar, prático porque eu não me dou bem com coisas que dão muito trabalho, roupas que ficam saindo do lugar e que precisam de um esforço maior do que eu estou disposta a colocar num look.
Dito tudo isso, tem maneira melhor de entender a teoria do que com um belo exemplo prático? Desconheço. Portanto, hoje trouxe um exemplo que considero um imenso case de sucesso no uso das três palavras de estilo: a maravilhosa Ana Vieira, que foi minha aluna do multiplique seus looks, um curso prático onde o maior objetivo é montar look (o curso tá com as vagas encerradas, mas caso você se interesse pode deixar seu nome na lista de espera clicando aqui). Durante o curso, a gente trocou muita figurinha sobre as escolhas dela, seu armário, os looks que ela amava e as peças que já não faziam mais tanto sentido na prática. Quando a Ana chegou pro nosso encontro individual eu fiquei encantada com as três palavras que ela tinha escolhido: articulado, perspicaz e não óbvio.
As palavras da Ana não eram simplistas e deixavam uma boa margem pra interpretação e eu acho que isso é incrível porque abriu espaço pra gente viajar e colocá-las em prática de muitas maneiras diferentes. E é aqui que mora a mágica. Essa interpretação é particular, pessoal e incentiva a criatividade pra gerar autoconhecimento. De acordo com ela, a lógica pra escolha seguiu mais ou menos assim: articulado porque é conectado com a realidade, de comunicação clara, safo, versátil, bem pensado. Não-óbvio porque, mesmo quando ela opta por coisas mais clássicas, os looks sempre tem um twist, um borogodó. E perspicaz porque é aguçado, bem trabalhado e é o que ela almeja transformar em algo mais fluído no seu vestir.
Agora sim, bora de imagens? Cada look a seguir foi analisado com maestria dentro do conceito das três palavras pela própria Ana:





Talvez eu seja suspeita, mas sou fã de cada um desses looks e amo a interpretação que a Ana deu pra eles usando as suas palavras de estilo. Quanto mais a gente estuda as nossas escolhas, maiores as chances de criarmos composições que, além de representarem os nossos desejos, fazem a gente se sentir gata e feliz.
É isso, eu sou apaixonada na quantidade de possibilidades que a gente encontra quando resolve realmente se analisar, estudar o nosso estilo. É um caminho divertido, particular, empolgante. Pra mim, construir um bom relacionamento com a moda precisa partir de dentro e isso significa que a gente precisa aprender a falar a nossa própria linguagem visual, o que só é possível quando dedicamos um tempo pra dar nome para as nossas prioridades.
Portanto, pra fechar essa edição eu te pergunto: depois de refletir sobre as suas escolhas e desejos, quais são as suas três palavras de estilo?